Visando eliminar o carreirismo no
clero católico, o Papa Francisco aboliu a concessão do título de
‘monsenhor’ a padres seculares ou diocesanos abaixo da idade 65 anos.
Por Gerard O’Connell – Vatican Insider | Tradução: Fratres in Unum.com – Em
uma nova ação visando a reforma do clero e a eliminação do carreirismo
na Igreja Católica, o Papa Francisco aboliu a concessão da Honra
Pontifícia de ‘Monsenhor’ a padres seculares abaixo da idade de 65 anos.
Daqui em diante, a única Honra Pontifícia
que será conferida a ‘padres seculares’ será a de ‘Capelão de Sua
Santidade’, e esse título será conferido somente a ‘padres dignos’ que
tenham mais de 65 anos de idade. (‘Padres Seculares’ são padres em uma
diocese que não são monges ou membros de institutos ou ordens
religiosas).
A Secretaria de Estado do Vaticano
comunicou essa notícia aos Núncios Apostólicos ao redor do mundo, e
pediu-lhes para informar todos os bispos em seus respectivos países
sobre essa decisão tomada pelo Papa Francisco.
Assim, por exemplo, em 2 de janeiro, o
Núncio Apostólico para a Grã Bretanha, o Arcebispo Antonio Mennini,
escreveu a todos os bispos na Grã Bretanha para informar-lhes da decisão
do Papa. Ele confirmou que “os privilégios nesse sentido” que já foram
concedidos pelo Romano Pontífice a “pessoas físicas ou jurídicas”
continuam em vigor. Isso poderia dar a entender que o decreto papal não é
retroativo; aqueles que já são monsenhores não perderão o seu cargo.
A decisão não chega de surpresa àqueles
que conhecem o Papa Francisco. Como homem humilde, ele sempre foi avesso
a títulos eclesiásticos e, quando era bispo e mais tarde cardeal na
Argentina, sempre pediu às pessoas para chamá-lo de ‘Padre’, ao invés de
‘Meu Senhor’, ‘Excelência’ ou ‘Sua Eminência’; ele está convencido de
que o nome ‘Padre’ reflete melhor a missão que foi confiada a um padre,
bispo ou cardeal. Sem dúvida, durante o seu mandato como arcebispo de
Buenos Aires (1998-2013), ele nunca pediu a Santa Sé para conferir o
título de ‘monsenhor’ a qualquer padre na arquidiocese.
Ao tomar essa decisão, o Papa Francisco
está construindo a reforma nesta área de títulos eclesiásticos, que foi
introduzida por Paulo VI, em 1968, na esteira do Concílio Vaticano
Segundo. Antes da reforma de Paulo VI havia 14 graus de ‘monsenhores’;
ele os reduziu a três categorias, que existem até hoje: Protonotário
Apostólico, Prelado Honorário de Sua Santidade, Capelão de Sua
Santidade. Os títulos originais remontam ao pontificado do Papa Urbano
VIII (1623-1644).
Essas três honras são concedidas pelo
Papa, geralmente, a pedido do bispo local, para os padres católicos que
têm prestado serviço particularmente valioso para a Igreja. Os padres
que recebem essas Honras Pontifícias podem ser tratados por ‘Monsenhor’ e
têm determinados privilégios, como, por exemplo, aqueles relacionados a
vestimentas eclesiásticas.
Muitos bispos tendiam a usar a honra como
uma maneira de recompensar padres que lhes são particularmente leais,
ou para promover padres que demonstraram iniciativa particular, mas não
raro padres em suas dioceses interpretaram esse gesto em uma perspectiva
diferente. Um pouco antes do Natal, um prelado importante do Vaticano
me contou que, recentemente, o Papa Francisco havia recusado a
solicitação de um bispo que havia lhe pedido para conferir o título de
‘Monsenhor’ a, pelo menos, 12 padres em sua diocese. Outra fonte me
disse que em alguns países a Honra Pontifícia é conferida em uma
cerimônia que, às vezes, está longe do estilo da Igreja que Francisco
deseja.
A decisão do Papa não faz qualquer
alteração com relação à concessão de Honras Pontifícias para Religiosos e
Leigos, afirmou a Secretaria de Estado do Vaticano em um comunicado aos
núncios. Ela informou que as mesmas condições se aplicam como
anteriormente para essas honras, conforme o modo de solicitá-las.
FONTE: Fratresinunum.com
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