odos
estiveram em um templo ortodoxo e viram que nas celebrações litúrgicas
os sacerdotes usam vestes especiais. Entretanto, nem todos sabem o que
simbolizam essas vestes, como se denominam, que significado tem as
próprias vestes e a sua cor. As pessoas que vão ao templo
freqüentemente fazem perguntas sobre isto. Penso que tanto para aqueles
que se consideram conhecedores das realidades eclesiais e para aqueles
que estão a caminho do templo será útil conhecer mais precisamente os
aspectos da vida da Igreja.
Vamos procurar analisar e entender o
sentido oculto a primeira vista, o significado das vestes sacerdotais e
sua cores. Assim, temos:
ESTICHARION (Túnica)
– costurada em tecido fino de cor branca, na forma de camisola longa
com mangas estreitas e cordões que são amarrados nos pulsos. A cor
branca da túnica faz lembrar ao sacerdote que ele deve sempre ter a
alma pura e levar a vida sem vícios. Alem disso, simboliza a túnica que
usava na terra o próprio Nosso Senhor Jesus Cristo e com a qual Ele
realizou a nossa salvação.
EPITRACHILION
(Estola) - é vestida pela cabeça e, contornando o pescoço, estende-se
pela parte da frente até embaixo. Para comodidade, as suas duas partes
são costuradas ou unidas entre si com botões. A estola designa uma
graça especial dupla, na comparação com o diácono, concedida ao
sacerdote para ministrar os Sacramentos da Igreja. Sem a estola o
sacerdote não pode realizar nenhuma celebração.
EPIMANIKIA (punhos) -
Se o sacerdote se prepara para ministrar um sacramento ele veste os
epimanikias como sinal de que, por seu intermédio, o próprio Senhor
realiza os sacramentos.
FAIXA (cinto) – é
colocada sobre a estola e sobre a túnica e significa a prontidão em
servir ao Senhor. Ela também simboliza a Forca Divina que fortalece os
sacerdotes no transcurso da celebração. A faixa lembra ainda a toalha
com a qual o Salvador cingiu-se para lavar os pés dos seus discípulos
antes da Santa Ceia, lembrando também que é necessária humildade para
servir a Igreja e as pessoas a exemplo da humildade do próprio
Salvador.
FELÔNION (Casula) – É
vestido pelo sacerdote por cima das outras vestes. O felônion é uma
veste longa e larga, sem mangas, com uma abertura na parte superior para
a cabeça e um grande corte na parte frontal para a ação livre das
mãos. Lembra o manto com o qual, segundo a narração do Evangelho, foi
coberto o Cristo Sofredor. As fitas costuradas no felônion fazem
lembrar os fluxos de sangue que correram por Suas vestes. Além disso,
este paramento lembra aos sacerdotes a veste da verdade, da qual devem
estar revestidos como servidores de Cristo. Por cima dele o sacerdote
leva a cruz peitoral.
NABEDRENNIK -
Como reconhecimento por seu zelo no serviço os sacerdotes são revestidos
de sinais de dignidade. O Nabedrennik tecido bordado retangular,
pendurado por uma fita sobre o ombro para ajustar-se na altura do
quadril no lado direito, significando uma espada espiritual e o direito
de ministrar com a skoufa e a kamilavkion.
EPIGONATION ou
hipogonation (palitsa) - sinal de dignidade concedido ao sacerdote o
epigonation ou hipogonation (palitsa) como arma na luta invisível do
sacerdote contra o Diabo, inimigo da humanidade. A paramentação
completa é usada pelo sacerdote somente na celebração da Divina
Liturgia. Nas outras celebrações não são usados a túnica, a faixa, o
nabedrennik e o epigonation (palitsa). Alguns serviços podem ser
ministrados sem o felônion, sendo usados somente a estola e os
epimanikia.
A cor dos paramentos acompanha a cor da ornamentação do templo e tem sentido simbólico e profundo significado teológico.
Os conceitos fundamentais sobre o
significado e a origem da cor dão a possibilidade de analisar o sentido
da cor das vestes sacerdotais.
A cor BRANCA nos
paramentos, como também nos ícones, simboliza a Luz Divina incriada,
que abrange as sete cores do espectro da luz. A cor preta e o símbolo
da ausência de luz, da morte e da tristeza. A gama de cores da
ornamentação da igreja, que vai mudando durante o ciclo litúrgico anual
lembra-nos também a ligação entre o Antigo e o Novo Testamentos: as
sete cores do espectro são o arco-íris apresentado por Deus a Noé como
testemunho da “.aliança eterna estabelecida entre Deus e todos os seres
vivos de toda espécie que estão sobre a terra (Gn 9, 16), a ponte entre
a vida temporal e a eterna no Reino Celeste. Esta ligação realiza-se
por Cristo e em Cristo, que intercede por toda a humanidade; por isto o
arco-íris nada mais e do que a imagem da Gloria de Deus (Ap 4,3).
No espectro há três cores básicas: vermelho
amarelo e azul celeste (ciano). A partir delas formam-se as outras
quatro, misturando as cores básicas pode-se obter o verde, o roxo, o
laranja e o azul. Desde os tempos mais antigos era assim que os
pintores de ícones obtinham as cores das tintas. As três cores básicas e
as quatro cores derivadas correspondem a idéia do Deus Trindade não
criado e da criação feita por Ele. Cada uma das cores independentes
pode ser relacionada a uma das Pessoas da Santíssima Trindade.
O VERMELHO, como cor do
inflamado amor do Criador pela Sua criação e do fogo manifestado a
Israel na sarça ardente e na coluna de fogo – simboliza Deus Pai. Ao
Deus Filho, como “Luz da Gloria do Pai”, “Rei do Mundo”, “Supremo
Sacerdote dos bens futuros”, a que mais corresponde e a cor DOURADA
(amarela) – cor da dignidade real e sacerdotal.
A essência da Terceira Pessoa da Santíssima Trindade se expressa da melhor maneira pelo AZUL
do céu, que derrama os dons do Espírito Santo e Suas graças. O céu
material é reflexo do Céu Espiritual. E claro que as Pessoas da
Santíssima Trindade são unas em sua essência, por isto qualquer dessas
cores pode refletir simbolicamente as idéias sobre qualquer uma das
realidades Divinas.
Todas as cores dos paramentos têm um sentido espiritual e correspondem aos dias de comemoração dos acontecimentos sagrados ou da memória dos santos.
Todas as cores dos paramentos têm um sentido espiritual e correspondem aos dias de comemoração dos acontecimentos sagrados ou da memória dos santos.
As Festas e acontecimentos da Igreja podem ser reunidos nos grupos fundamentais:
Amarela (dourada): memória do Senhor Jesus Cristo (Festas do Senhor) dos profetas, apóstolos, santos padres: cor dos paramentos.
Azul: memória da Santa Mãe de Deus.
Branco: dos seres espirituais, santas virgens.
Púrpura (roxo): memória da
Santa Cruz: cor roxa, vinho ou púrpura. A cor púrpura é símbolo do
sangue derramado por Nosso Senhor na Cruz para a nossa redenção.
Vermelha: memória dos santos mártires.
Verde: usado no dia da
Santíssima Trindade, na Entrada do Senhor em Jerusalém e no dia do
Espírito Santo. O verde também e usado nos dias de memória dos
veneráveis (monges) e ascetas. A cor verde é formada pela combinação do
azul celeste, que simboliza o Espírito Santo, com o amarelo – cor da
realeza do Senhor Jesus Cristo.
Preto e/ou roxo: nas celebrações da Quaresma.
Nos sábados e domingos do ciclo quaresmal, nas festas polieleinye que
coincidem com este período do ano eclesial, usam-se paramentos de cor
roxa. Na Quaresma a liturgia dos Dons Préssantificados é realizada com
paramentos pretos e roxos. Também na Quinta-feira Santa usam-se os
paramentos de cor roxa
Branco: na administração do
Sacramento do Batismo e Sepultamento. Na Páscoa prescreve-se uma ordem
especial para a mudança da cor dos paramentos litúrgicos. Começando pela
cor branca, como sinal da Luz Divina no túmulo do Salvador
ressuscitado, passa-se na Liturgia Divina (e depois durante toda a
Semana Santa) aos paramentos vermelhos, significando o triunfo do amor
candente de Deus pela humanidade, manifestado no ato salvifico do Filho
de Deus.
Na Rússia há o costume: trocar os paramentos a
cada um dos hinos do Canon Pascal. A Páscoa na Igreja é chamada de
Festa das festas e Solenidade das solenidades. A mudança das cores dos
paramentos corresponde perfeitamente a sua solenidade e ao espírito da
liturgia pascal. Em cada domingo a Igreja Ortodoxa comemora a Páscoa
pequena, mas fora da Quaresma e da Semana Santa usa-se na liturgia a
cor amarela – cor das Festas do Senhor.
FONTE: Ecclesia.com.br
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