Nossa história é longa. Praticamente 800 anos.
Aqui está um resumo desta história, que faz parte da história e da qual hoje, ainda estamos ajudando a construir.
É importante dizer que uma Congregação surge a partir de uma
necessidade da época, e sob o sopro do Espírito. Não foi diferente com a
nossa Congregação.
Estudos confirmam que, por causa das guerras e cruzadas, havia um
excedente de mulheres. Como esposas eram submissas, e seus maridos
tinham direito de dispor sobre seus bens como lhes convinha. Eram seus
tutores e a esposa, igualada a uma criada.
O senso moral da Idade Média permitia ao marido bater na mulher por
motivos diversos, como, por exemplo, se desse à luz uma criança
deficiente.
Esta sociedade, fortemente marcada por situações opressoras,
suspirava por luz, suspirava por esperança. Aí está o sopro do Espírito.
Surge um movimento feminino de caráter religioso. Não somente como
uma reação contra a opressão masculina, mas também e, sobretudo, para
uma renovação religiosa da Cristandade.
Este movimento surgiu no sudoeste da França, como uma forma de vida
religiosa, particular, especificamente feminina, com caráter religioso e
social. Eram as Beguinas. Estes grupos de mulheres fortes, corajosas e
idealistas se espalharam rapidamente, também na Alemanha. Eram grupos
pequenos que se dedicavam principalmente à oração e ao cuidado dos
doentes. Viviam de salários provenientes da confecção de trabalhos
manuais e do cuidado prestado aos doentes.
Um destes grupos se fixou em Dillingen, pequena cidade ao longo do Danúbio, na Suábia.
Foi desse grupo que nasceu a nossa Congregação. Temos conhecimento de que eram cinco mulheres.
Por motivo de perseguição aos grupos de Beguinas em partes diversas
da Alemanha, o Bispo de Augsburgo aconselhou as Beguinas de Dillingen a
se filiarem a uma Ordem já existente. Nesta época, os franciscanos
estavam crescendo em número e se espalhando pela Europa. Fazia pouco
tempo que São Francisco havia fundado a 1ª Ordem dos frades menores; a
2ª Ordem das Clarissas e a 3ª Ordem para casais e leigos, pois muita
gente queria seguir este ideal de São Francisco. Nós adotamos a Regra da
Ordem Terceira, mas como consagradas.
E assim nos tornamos Franciscanas de Dillingen.
Em 1438, infelizmente, em razão de um incêndio, que não era raro
acontecer naquela época e não havia meios de socorro imediato e
eficiente, a casa de madeira das irmãs foi rapidamente consumida pelo
fogo. O prejuízo foi grande, principalmente no que se refere a
documentos do início. Perdeu-se a data da fundação e os nomes das cinco
primeiras jovens fundadoras.
Um documento, adquirido na cidade prova, no entanto, que o Conde
Hartmann IV, da Suábia, deixou-se influenciar pelo espírito religioso da
época. Ele favoreceu a fundação de Mosteiros e Instituições Caritativas
para mulheres, entre elas as nossas cinco Beguinas. Foi ele e seu
filho, o Bispo Hartmann V que doaram àquelas mulheres de Dillingen uma
casa com horta e prado no início de sua vida em grupo. Por isso, foram
considerados os fundadores, oficializando a data da fundação para 1241.
Entre alegrias, prosperidades, partilha de dons, serviços prestados,
também ocorreram perseguições, desvalorização do trabalho das irmãs,
perdas, dores...
Em 1774, as nossas irmãs haviam assumido serviço dedicado ao ensino
da juventude feminina de Dillingen. Esta missão colocou-as diante das
necessidades locais e lhes abriu os horizontes para passos mais largos.
Com a secularização, em 1803, as irmãs foram desapropriadas de seus
bens e passaram por muitas provações, privações e extrema miséria. Não
perderam, no entanto, a confiança naquele que tudo provê.
No início do século XX, os rumores da 1ª Guerra Mundial inquietavam as irmãs.
A tragédia do Titanic em 1912 chamou a atenção da Europa para a
América. Neste ínterim, o Abade de Colegeville, Minesota, nos Estados
Unidos, pediu irmãs da nossa Congregação para prestarem serviços nos
Estados Unidos. A Geral da época, Ir. Inocentia Mussak sentiu o apelo de
Deus, a iluminação do Espírito para a 1ª expansão. E assim ela se
expressou:
"Sim, poderíamos ter uma casa, um ramo da nossa Congregação
transplantado no Novo Mundo; assim, se alguma coisa nos acontecer aqui
na Alemanha, nós ainda teremos irmãs para o serviço do Reino em outra
terra".
E foi assim que muitas voluntárias de garra, sabendo que talvez nunca
mais voltariam à Pátria, nem reveriam seus familiares, deram seu "sim"
para os Estados Unidos em 1913.
Mais tarde, em 1936, devido à pressão do Regime Nazista; o confisco
dos bens; a proibição de atuarem nos diversos setores de trabalho; os
rumores da 2ª Guerra Mundial, nossas irmãs são colocadas mais uma vez
diante de uma janela que se abre ao novo, pois, "quando o homem fecha
uma porta, Deus abre uma janela". Neste ano de 1936, os bispos
brasileiros se empenharam em apoiar a abertura de escolas católicas. As
beneditinas de Twitzing, cidade ao sul da Alemanha, já prestavam este
serviço educacional em diversas cidades brasileiras. O Bispo de Niterói
pediu a elas para abrirem uma escola em Cabo Frio. Como não dispunham de
irmãs para mais uma escola, e conhecendo a situação delicada que nossas
irmãs estavam vivendo em Dillingen, fizeram contato, e mais uma vez
nossas Franciscanas de Dillingen aceitam expandir para a América, desta
vez, na América do Sul, Brasil.
Em abril de 1937, seis irmãs corajosas, sem conhecer língua,
costumes, sem dinheiro suficiente para começar, vieram para o Rio de
Janeiro. E quase 02 meses depois, outras seis, foram para o Nordeste, na
Paraíba.
Aqui fizeram histórias. De Cabo Frio e Rio Bonito a São João de
Meriti e Duque de Caxias. O espírito missionário era grande. O
idealismo, a coragem, a fé, o dinamismo e a juventude as fizeram abraçar
todas as dificuldades; transpor todas as barreiras: de língua, situação
financeira, proibição de contato com a terra natal e seus familiares,
saudade, doença, tudo...
O amor pelo Reino fez delas, mulheres batalhadoras e corajosas,
presença forte e marcante em várias cidades e estados brasileiros.
Hoje, continuamos esta história com outras dificuldades, mas também com alegrias e esperanças.
Também na Índia, temos um expressivo número de irmãs nas áreas mais
pobres, desde 1976. Fazem missão pela presença solidária junto aos
moradores de rua, aos doentes em Postos de Saúde, na educação e onde se
faz necessário.
Sem dúvida, nesta conjuntura de mundo em que estamos vivendo, de modo
particular no Brasil, na qual assistimos todos os dias acentuadas
denúncias de corrupção contra as esferas diversas do poder público; na
qual presenciamos diferenças sociais gritantes; gemidos de crianças
famintas; corpos imundos, "gente, meu Deus", disputando lixeiras e
marquises, precisamos acordar e, ainda mais, somar forças na construção
de um projeto social solidário.
Estamos caminhando e, conosco, carregando um grande sonho, um sonho
que não se sonha só, um sonho que aos poucos vai se tornando realidade
dentro de nossas escolas, creches, trabalho com crianças e jovens
carentes, idosos e pastorais diversas: este sonho é educar para valores
da integridade, isto é, da solidariedade, partilha, respeito, senso
crítico, participação, compromisso.
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