"A minha carne é verdadeiramente uma comida e o meu sangue, verdadeiramente uma bebida. Quem come a minha carne e bebe o meu sangue permanece em mim e eu nele" (Jo 6,55-56).
Nossos
sacrários mantêm entre nós a realidade da Encarnação: "O Verbo se fez
carne e habitou entre nós..." E habita ainda verdadeiramente presente
entre nós, não somente de uma maneira espiritual, mas com seu próprio
Corpo. Esta presença real da carne de Cristo (uma carne viva, unida à
alma e à divindade do Verbo, pois Jesus está hoje ressuscitado) é
admiravelmente manifestada pelo milagre de Lanciano. Um milagre que dura
há mais de 12 séculos e que a ciência examinou, e diante dos fatos,
teve que se inclinar.Sim, um
milagre, e bem destinado ao nosso tempo de incredulidade. Pois, como
diz São Paulo, os milagres são feitos não para aqueles que crêem, mas
para os que não crêem. E Deus permitiu para todos os que ainda duvidam
da presença Eucarística do Cristo ou que a negam, que um milagre, que
dura 12 séculos, fosse nos últimos anos, posto em evidência e verificado
pela própria ciência. "Isto é meu corpo! Isto é meu sangue!", disse
Cristo (cf. Mt 26,26-28).Este
prodigioso milagre deu-se por volta dos anos 700, na cidade italiana de
Lanciano, na igreja do mosteiro de São Legoziano, onde viviam os monges
da Ordem Basiliana (de São Basílio).
Entre os monges, havia um que se fazia notar mais por sua
cultura mundana do que pelo conhecimento das coisas de Deus. Sua fé
parecia vacilante, e ele era perseguido todos os dias pela dúvida de que
a hóstia consagrada fosse verdadeiro Corpo de Cristo e o vinho Seu
verdadeiro Sangue. Mas a Graça Divina nunca o abandonou, fazendo-o orar
continuamente para que esse insidioso espinho saísse do seu coração.
Foi
quando, certa manhã, celebrando a Santa Missa, mais do que nunca
atormentado pela sua dúvida, após proferir as palavras da Consagração
ele viu a hóstia converter-se em Carne viva e o vinho em Sangue vivo.
Sentiu-se confuso e dominado pelo temor diante de tão espantoso milagre,
permanecendo longo tempo transportado a um êxtase verdadeiramente
sobrenatural. Até que, em meio a transbordante alegria, o rosto banhado
em lágrimas, voltou-se para as pessoas presentes e disse:
"Ó
bem-aventuradas testemunhas diante de quem, para confundir a minha
incredulidade, o Santo Deus quis desvendar-se neste Santíssimo
Sacramento e tornar-se visível aos vossos olhos. Vinde, irmãos, e
admirai o nosso Deus que se aproximou de nós. Eis aqui a Carne e o
Sangue do nosso Cristo muito amado!"
A
estas palavras os fiéis se precipitaram para o altar e começaram
também a chorar e a pedir misericórdia. Logo a notícia se espalhou por
toda a pequena cidade, transformando o monge num novo Tomé.
A
Hóstia-Carne apresentava, como ainda hoje se pode observar, uma
coloração ligeiramente escura, tornado-se rósea se iluminada pelo lado
oposto, e tinha uma aparência fibrosa; o Sangue era de cor terrosa
(entre amarelo e o ocre), coagulado em cinco fragmentos de formas e
tamanhos diferentes.
Serenada
a emoção de que todo o povo foi tomado, e dadas aos Céus as graças
devidas, as relíquias foram agasalhadas num tabernáculo de marfim,
construído a mando das pessoas mais credenciadas do lugarejo.
A partir de 1713, até hoje, a Carne passou a ser conservada numa custódia de prata, e o Sangue, num cálice de cristal.Os
Frades Menores Conventuais guardam o Milagre desde 1252, por vontade
de Landulfo, bispo da vila de Chieti. Os monges da Ordem de São Basílio
guardaram o Milagre até 1176 e os Beneditinos até 1252.Em
1258 os Franciscanos construíram o santuário atual, que foi
transformado em 1700 de romântico-gótico em barroco. Desde 1902 as
relíquias estão custodiadas no segundo tabernáculo do altar monumental,
erigido pelo povo de Lanciano no centro do presbitério.
O Milagre e a Ciência
Aos
reconhecimentos eclesiásticos do Milagre, a partir de 1574, veio
juntar-se o pronunciamento da Ciência moderna através de minuciosas e
rigorosas provas de laboratório.
Foi
em 18 de novembro de 1970 que os Frades Menores Conventuais decidiram,
devidamente autorizados, confiar a dois médicos de renome profissional
e idoneidade moral a análise científica das relíquias. Para tanto,
convidaram o Dr. Odoardo Linoli, Chefe de Serviço dos Hospitais Reunidos
de Arezzo e livre docente de Anatomia e Histologia Patológica e de
Química e Microscopia Clínica, para, assessorado pelo Prof. Ruggero
Bertelli, Prof. emérito de Anatomia Humana Normal na Universidade de
Siena, proceder aos exames.
Após
alguns meses de trabalho, exatamente a 4 de março de 1971, os
pesquisadores publicaram um relatório contendo o resultado das análises:
- A Carne é verdadeira carne.
- O Sangue é verdadeiro sangue.
- A Carne é do tecido muscular do coração (contém, em seção, o miocárdio, endocárdio, o nervo vago e, no considerável espessor do miocárdio, o ventrículo cardíaco esquerdo).
- A Carne e o Sangue são do mesmo tipo sangüíneo (AB) e pertencem à espécie humana.
- No Sangue foram encontrados, além das proteínas normais, os seguintes minerais: cloreto, fósforo, magnésio, potássio, sódio e cálcio. As proteínas observadas no Sangue encontram-se normalmente fracionadas em percentagem a respeito da situação seroproteínica do sangue vivo normal. Ou, seja, é sangue de uma pessoa VIVA.
- A conservação da Carne e do Sangue, deixados em estado natural por doze séculos e expostos à ação de agentes físicos, atmosféricos e biológicos constitui um fenômeno extraordinário.
E
antes mesmo de redigirem o documento sobre o resultado das pesquisas,
realizadas em Arezzo, os doutores Linoli e Bertelli enviaram aos Frades
um telegrama nos seguintes termos:
"E o Verbo se fez Carne!"
E o impressionante é
que é a Carne do Coração. Não a carne de qualquer parte do Corpo
adorável de Jesus, mas a do músculo que propulsiona o Sangue – e
portanto a vida – ao corpo inteiro; do músculo que é também o símbolo
mais manifesto e o mais eloqüente do amor do Salvador por nós.A
Eucaristia é, na verdade, o dom por excelência do Coração de Jesus.
"Meu Coração é tão apaixonado de amor pelos homens", disse um dia o
Cristo em Parayle-Monial, revelando seu Sagrado Coração a Santa
Margarida Maria. Uma paixão que o conduziu à cruz, que torna hoje
presente sobre nossos altares, em nossos sacrários e até em nossos
corações.Em todo o caso, guardemos isto: na Eucaristia eu recebo o Cristo todo inteiro. É verdadeiramente que se dá e que eu como.Tanto
na hóstia como no vinho, está Jesus Cristo vivo e inteiro (corpo,
sangue, alma e divindade). A comunhão eucarística existe nas duas
espécies, na espécie do pão e na espécie do vinho, só que o vinho não é
somente o sangue de Jesus, mas sim o próprio Jesus. E da mesma forma a
hóstia não é somente carne, mas sim o próprio Jesus. O que aconteceu em
Lanciano, acontece em todas as igrejas do mundo e em qualquer missa, a
única diferença é que lá em Lanciano além de transubstanciar a
substância (pão e vinho), transubstanciou-se também a aparência.
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