No dia 19 de setembro de 2009, nosso Papa Bento XVI anunciou com
alegria o Sínodo para o Oriente Médio, convocando todos os Patriarcas
Orientais Católicos, com seus Bispos e outras delegações para que se
preparassem sob inúmeros esforços para a recente Assembléia Especial do
Sínodo dos Bispos para o Oriente Médio, realizado em Roma de 10 a 24 de
Outubro de 2010, com o importante tema: “A Igreja Católica no Médio
Oriente: Comunhão e testemunho. A multidão dos fiéis era um só coração e
uma só alma (At 4, 32)”.
Uma convocação que se faz urgente no seio da catolicidade
contemplando a riqueza e fragilidade do amplo mosaico das Igrejas
Orientais, seu patrimônio espiritual-litúrgico e os momentos de martírio
sob uma árdua, mas não impossível convivência entre as diversas
pluralidades confessionais: cristianismo, islamismo e judaísmo. Afinal o
Oriente é o berço de nossas raízes das quais os pastores, religiosos e
leigos não podemos cancelá-las, mas sim conhecê-las em profundidade para
que possamos neste mesmo espírito de comunhão e testemunho exigido pela
base comum que é Cristo, o Sol da Justiça que vem do Oriente,
celebrando assim os laços da liberdade e da paz que Ele mesmo nos
oferece. O Oriente não é só cristão, mas também não é só mulçumano ou
judeu e por isso urge reconhecer a caminhada histórica e cultural
integrando os valores comuns desses três pilares e nisso os Orientais
Católicos, sendo uma minoria em tal contexto “gemem em dores de parto”
para manter suas tradições, ritos celebrativos e em alguns contextos a
própria liberdade de expressão. Basta olhar o recente massacre dos
católicos caldeus no Iraque onde alguns extremistas invadiram a Catedral
na mesma capital desse país matando sacerdotes, fiéis e inúmeras
crianças. Tais patologias surgem de uma visão deturpada e anacrônica que
não reflete o verdadeiro espírito da comunhão e da libertação promovido
pelo Evangelho de Jesus. Há também outros lugares onde cristianismo e
islamismo tiveram e tem uma pacífica convivência no caso de Alexandria
(Egito), evangelizada pelo Apóstolo Marcos e Sede antiga de dinamismo,
berço da vida monástica e grandes missionários enviados a tantas
regiões. De fato os cristãos coptas do Egito (católicos ou ortodoxos)
sempre ofereceram um testemunho de harmonia e inculturação sem perder a
sua própria identidade.
“O
objetivo desta assembléia sinodal é prevalentemente pastoral. Embora não
podendo ignorar a delicada e por vezes dramática situação social e
política de alguns países, os Pastores das Igrejas no Médio Oriente
desejam concentrar-se sobre os aspectos próprios da sua missão... Sob a
guia do Espírito Santo, reavivar a comunhão da Igreja Católica no
Oriente Médio. Antes de tudo no interior de cada Igreja, entre todos os
seus membros e depois também nas relações com as outras Igrejas”,
destacou Bento XVI.
Durante
os vários dias em Roma, os Patriarcas, os eparcas (bispos) e outros
delegados ofereceram suas intervenções preciosas para que cheguem ao
coração de Roma e de todos os cristãos espalhados pelo mundo, mostrando
assim que os orientais católicos também estão inseridos missionariamente
e que apesar das diferenças rituais litúrgicas são também eles
católicos como os demais e convocados ao testemunho da paz, da justiça e
da solidariedade.
O
cristianismo não se distingue pela expansão, pelo número ou
proselitismo, mas pela força da vida comunitária vivida e celebrada sob o
impulso do Espírito que nos congrega na fé una e apostólica e no
respeito das diferenças sob a liberdade que é um dom sacro do Criador.
Tal
Sínodo foi formado por uma Assembléia especial e pelos teólogos (as):
religiosos e leigos convocados por sua Santidade para que pudessem
contribuir nas várias reflexões e estudos, entre as quais:
- A situação dos cristãos no Médio Oriente;
- Os desafios que os cristãos devem enfrentar e a resposta dos cristãos na vida cotidiana.
Urge também ressaltar a contribuição que os mesmos católicos
orientais podem e devem oferecer para o diálogo ecumênico com as Igrejas
Ortodoxas e com nossos irmãos judeus e mulçumanos no complexo contexto
do Oriente Médio, como afirmou Bento XVI: “Fico feliz em saber que
durante o encontro levou-se em consideração esta particular questão e os
incentivos para que o tema seja objeto de novos estudos, cooperando
assim, ao comum compromisso de aderir ao pedido do Senhor: “Que todos
sejam um... para que o mundo creia” (Jo 17, 21).
Oxalá a
Igreja possa incentivar novos encontros como este para que todas as
comunidades cristãs possam partilhar e conhecer o profundo patrimônio
oriental católico, estudando e rezando em comunhão com esses nossos
irmãos que em terras longínquas, celebram a mesma Eucaristia e oferecem o
seu testemunho em meio a adversidades pelo Evangelho e ao serviço dos
mais sofridos nas terras do Oriente cristão.
E
nesse impulso que os bispos latinos das diversas Igrejas particulares
possam promover e incentivar a formação teológica do clero e dos leigos
abrangendo também temas orientais que fazem parte de nossa mesma
catolicidade e caminhada eclesial. Fica a proposta e o empenho para que possamos nos
unir com os vários cristãos do Oriente sob o impulso do grito de Jesus:
“Não temais pequenino rebanho!”.
FONTE: Splaghynia.com
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