Tradutor

Reflexões sobre Jesus Cristo

by 06:31 0 comentários




De: Gileno Ferreira Diniz

INTRODUÇÃO
A luz da Palavra de Deus queremos conhecer melhor o homem de Nazaré, o jovem Jesus, o filho de Deus, o nosso amigo e irmão. É importante compreendermos que a mensagem de Jesus é dirigida a cada um de nós!
Nosso estudo será da seguinte forma: na primeira parte iremos estudar algumas considerações necessárias para compreendermos os textos bíblicos que nos propomos estudar; na segunda parte, procuraremos acompanhar Jesus e sua vida como pregador, ouvindo sua pregação sobre o reino de Deus; na terceira parte, acompanharemos Jesus em sua paixão e morte; na quarta parte, nos deteremos na ressurreição e seu conteúdo teológico; e, por fim, veremos o significado da fé em Jesus Cristo.

I – QUESTÕES INTRODUTÓRIAS

A) Relação entre o Cristo da Fé e o Jesus Histórico

                A questão básica da nossa reflexão é a articulação entre:
CRISTO DA FÉ: “é aquele anunciado pela Igreja depois da Páscoa, o Cristo dos símbolos de fé e das declarações dogmáticas”.
X
JESUS HISTÓRICO: “é o Jesus que poder ser reconstruído pela investigação histórica, aquele homem que viveu e morreu na Palestina do século I, ocupado na época pelos romanos”.

II - QUESTÕES HISTÓRICAS

A) O vaivém da questão histórica

A distinção entre o “Cristo da Fé” e o “Jesus Histórico” são questões da atualidade, não é presente no Novo Testamento, nem da tradição eclesial.
As obras cristologicas apresentam um resumo histórico da distinção em Jesus Histórico e o Cristo da Fé. Iremos apresentar três etapas do processo de estudo sobre Jesus (o Cristo):
1º) Tinha como preocupação descobrir quem teria sido Jesus de Nazaré, reconstruir sua história, deixando de lado a morte-ressurreição. Os dogmas não são levados em consideração. Vemos sempre livros, revistas e programas na televisão que apresentam um “Jesus”;
2º) Constata a impossibilidade de reconstruir toda a história de Jesus, pois, cada autor escreve uma biografia diferente, um Jesus a seu gosto. Muitos autores passaram a dar importância e valor ao Cristo da fé, proclamada pelos Apóstolos. Assim foi dado importância ao estudo do Cristo da fé e não as realidades histórica de Jesus - foi o que predominou nos cinco décadas do século XX. R. Bultmann é o mais importante autor deste período;
3º) No terceiro momento prevalece os estudos exegéticos, onde o Jesus histórico e o Cristo proclamado pela fé são estudados de forma bem articulada.

B) O Acesso a Jesus de Nazaré: o histórico e o interpretado
                Para chegarmos à realidade de Jesus de Nazaré, dependemos da tradição, que retoma dos discípulos. Que por sua vez chegou até nos através do Novo Testamento. Os Evangelhos são interpretações teológicas a respeito de Jesus Cristo, de sua mensagem, de Sua vida, morte e ressurreição.
                Essas interpretações foram elaboradas no século I, com o objetivo de responder as duvidas das primeiras comunidades cristãs. São “interpretações crentes”, “interpretação pós-pascal”. O material evangélico de origem pré-pascal (atitudes, acontecimentos, a palavras, tudo o que Jesus fez) e as interpretações pós-pascais, formam os Evangelhos. Todo o Novo Testamento é Palavra de Deus.
                É importante fazer distinção dos acontecimentos da vida de Jesus, para ver em que consiste o Seu seguimento: a) pré-pascal e b) pós-pascal.
Os exegetas apontam dados  da vida de Jesus, que são de base histórica: a existência de Jesus de Nazaré; o batismo de Jesus e a tentação; o fato de Jesus ter anunciado a chegada do Reino de Deus e dado sinais que marcavam sua atuação: ele viveu toda a sua vida a serviço do Reino; o fato de Jesus ter realizado curas; a realidade de que Jesus atribui a si mesmo o poder de perdoar pecados, de modificar a Lei de Moisés, de violar prescrições sobre o sábado e de anunciar a vontade de Deus, com base em sua própria autoridade; o êxito radical como pregador, enfrentando depois duros conflitos;  a experiência de uma profunda crise, mais ou menos na metade ou perto do final de sua vida e pregador; o relacionamento peculiar com os pobres, pecadores e marginalizados em geral; a escolha e o envio de um grupo de seguidores; a utilização de parábolas em sua pregação; a viagem para Jerusalém: entrada solene na cidade onde ceou com seus discípulos; o aprisionamento e a crucifixão; o cartas colocado na cruz; a consciência de uma missão única.

C) O acesso a Jesus de Nazaré: a mensagem e o instrumental utilizado em Sua comunicação
                Alguém poderia perguntar qual o interesse nosso e dos evangelizadores (e os amigos Dele) nas investigações históricas sobre Jesus? Não seria melhor continuar lendo os Evangelhos como sempre foram lidos?  De maneira acrítica e ingênua?
                É preciso termos consciência de que a linguagem, a visão do mundo, etc, mudaram muito. E nós precisamos colaborar com o povo para assimilarem a Boa Nova, anunciada por Jesus. Sendo necessário fazer distinção entre: a) dizer, e b) fazer.
Sempre que nos deparamos com um texto de outra cultura, devemos nos perguntar: a) Que será que o autor quer transmitir como mensagem, como verdade a ser aceita, como experiência a ser comunicada? b) Quando utiliza esta ou aquela expressão, isto é, um determinado instrumento lingüístico?
O afirmar é a verdade ou mensagem que o autor deseja apresentar à aceitação dos outros.
O dizer compreende o instrumental utilizado como veiculo para comunicar a mensagem.
Por exemplo o texto de Gn 2,21-24, relata a criação da mulher, que ela é tão humana quanto o homem, que é possuidora da mesma dignidade do homem e merecedora do mesmo respeito. Essa afirmação ou mensagem é comunicada mediante uma determinada expressão cultural, ou seja, com o auxilio do mito da mulher tirada da costela do homem.
Cabe ao evangelizador (a nós), dentro da cultura moderna não deixar o povo preso a uma compreensão repetitiva do texto, e sim da mensagem viva do Evangelho.

III - MORTE-RESSURREIÇÃO: PONTO DE PARTIDA DA FÉ EXPLICITA EM JESUS CRISTO E DA REFLEXÃO CRISTOLÓGICA
                A fé em Jesus Cristo não seria possível sem a ressurreição. Antes da Páscoa, os discípulos tinham uma fé em Jesus embrionária. Uma fé explicita só se desenvolveu após a experiência pascal (que inclui Pentecostes).
                Na experiência da Páscoa, encontra-se o fundamento do que será uma fé explicita e amadurecida em Jesus Cristo. A Páscoa é também o ponto de partida para a reflexão cristão sobre Jesus Cristo (cristologia). A percepção básica é fácil de ser resumida: O CRUCIFICADO É O RESSUSCITADO. Fica assim iluminado o sentido e o significado da vida e morte de Jesus. A ressurreição manifesta a verdade do messianismo vivenciado por Jesus de Nazaré.
                A existência terrena de Jesus de Nazaré (vida na obscuridade e na fraqueza) passa a ter um sentido profundamente libertador, quando os cristãos a iluminam com a luz da experiência pascal. Em Jesus Cristo, morto e ressuscitada, percebem e confessam na fé dois modos de existir que caracterizam duas etapas distintas: a etapa da fraqueza, modo de existir, segundo a carne; e, a etapa da plenitude do Espírito, modo de existência segundo o Espírito (Rm 1,3-4; 1Tm 3,16; 1Pd 3,18ss).
Essas duas orientações ou modos distintos explicam as duas orientações básicas da reflexão cristologica nas comunidades cristãs do século I. Por exemplo: Paulo: mostra, sobretudo o Cristo ressuscitado e glorificado; e os sinóticos: reportam-se  preferencialmente para o Jesus terrestre.
Todavia todos partem da fé na ressurreição daquele que foi morto na cruz. A morte-ressurreição une as duas orientações cristologicas. Na fé do Novo Testamento não existe ruptura entre o Jesus terreno e o Cristo glorificado.
               
IV - CONSEQÜÊNCIA DA SEPARAÇÃO ENTRE O JESUS HISTÓRICO E O CRISTO DA FÉ
A) Conseqüência da valorização unilateral do Cristo da fé
                Quando colocamos toda ênfase no Cristo glorificado em detrimento do Jesus terrestre, seguem-se conseqüências extremamente empobrecedora para evangelização, para espiritualidade e para vida cristã. O problema maior repousa quando distanciamos o Glorificado do Crucificado. Eis algumas conseqüências dessa separação: a) As celebrações litúrgicas tendem a ficar desvinculadas do seguimento do caminho percorrido por Jesus na terra. A celebração Eucarística poderá ocorrer separada da partilha e do amor serviço (1Cor 11,17ss); b) A visão unilateral do Cristo glorificado leva facilmente à exaltação religiosa, deixando de lado o caminho do serviço e o anuncio do Crucificado. A orgulhosa sabedoria humana tende a substituir a sabedoria da cruz (1Cor 1,17-2,6); c) A referência exclusiva ao Cristo glorificado faz com que sal figura fique afastada da vida cotidiana do cristão. Jesus é visto como algo distante; d) Invoca-se hoje, freqüentemente o Espírito de Cristo. Mas será que se trata do mesmo Espírito que impulsionou Jesus em sua Missão de servidor?  e) É muito fácil utilizar o Cristo-Poder para justificar e sacralizar poderes deste mundo (políticos, econômicos, etc). O poder de Jesus é utilizado também para justificar o exercício dominador do poder da Igreja. Faltando a conexão com a vida, as opções de Jesus de Nazaré; f) O Cristo glorificado (amor e reconciliação universal) pode ser invocado pelas pessoas ou pelas instituições para evitar o compromisso diante das injustiças e dos conflitos atuais. Na referência exclusiva ao Cristo glorificado é fácil esquecer se que Jesus d Nazaré não se manteve neutro frente aos conflitos de seu tempo e da sua sociedade; g) Etc. Pois existem muitos outros exemplos.

B) Conseqüências da valorização unilateral do Jesus histórico
                Vejamos o que acontece quando se valoriza somente o Jesus histórico, deixando de lado o Cristo ressuscitado, proclamado pela fé cristã: a) Desenvolve-se uma tendência para reduzir Jesus a um simples revolucionários, ou a um sábio (há um empobrecimento da ‘novidade’ de Jesus Cristo); b) Jesus de Nazaré e sua proposta, sua vida acabam por se tornar um critério de fé cristã. Esquece-se de que o anuncio do Ressuscitado contém algo de ‘novo’ em relação ao Jesus terreno. Põe-se de lado toda a riqueza do valor salvifico; c) O encontro com o Jesus terreno, separado do Cristo ressuscitado, acaba sendo estéril. d) Etc.

V – CONCLUSÃO
                Concluímos que a separação entre o Jesus terreno e o Cristo glorificado deturpam a nossa fé de maneira muito grave dando origem a manipulação da fé.
                É urgente que tenhamos um ENCONTRO VIVO COM JESUS CRISTO, NOSSO AMIGO E IRMÃO. Valorizando tanto a vida terrena Dele quanto sua vida gloriosa.
                Estejamos dispostos a viver as duas etapas de Sua vida: a de serviço e a de glorificação.
                A fé cristã professa algo surpreendente: no homem glorificado pela ressurreição, encontramos a revelação plena de Deus! Encontramos o próprio Deus! A nossa fé confessa a encarnação real de Deus no homem Jesus de Nazaré!
                Jesus é verdadeiramente homem e verdadeiramente Deus, desde o primeiro momento de Sua encarnação.
                Que estes dias que nos encontramos aqui iremos fazer o mesmo caminho percorrido por Jesus de Nazaré.


VI – BIBLIOGRAFIA
Um Encontro com Jesus Cristo Vivo – Alfonso Garcia Rubio – Paulinas –  1994.


Gileno Diniz

Fiel Amigo de Jesus

Devemos sempre e incondicionalmente amar a Jesus, o Cristo e servir a sua Igreja!.

0 comentários:

Postar um comentário